quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Silêncio de um minuto

"Luto preto é vaidade
Neste funeral de amor
O meu luto é saudade
E saudade não tem cor"
Noel Rosa
É pouca a idade, mas muitas as saudades.
Listo as minhas, em busca de cura,
Por lembrar – só por lembrar!
Mas sei que a saudade perdura...

Cheiro de baunilha,
tule, sapatilha,
teatro na sala,
rodopio,
aplausos da vó,
tio e tia.
Aurora, Marculina,
lírios e presságios.
Contos sempre contados,
outrora escutados.
Chácara, Taigra,
poemas, vaziu,
recreio,
bugigangas,
tudo o que se viu.
Bala de goma, croissant,
loiras e morenas.
Éramos seis
com eles infindos!
Éramos bons amigos.
Festas, formaturas,
brigas, injúrias.
Éramos crianças por tudo,
– acima de tudo!
De vestidos e bermudas,
crescendo com as andanças,
pulando o muro.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Dia triste

Manhã fria.
O sol se esconde.
A lágrima corre.
Diverte o conde.

É anseio, desespero, solidão.

Doutor aconselha:
- Só há um remédio!
Tempo após o tempo
E lá se vai, fica o tédio.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

De repente...

O cabelo seca sozinho.
Os pés dispensam as meias - sapatos e tênis.
O corpo vira preguiça.
A água é urgente.
O pijama encurta.
O cobertor sai de cena.
O lençol é leve - cobre com sua transparência um corpo nu, que apenas não quer se sentir só.
A salada é o prato esperado.
A fruta é o pecado - a sobremesa.
As ruas te chamam.
O carro é esquecido.
O dia é longo.
A pele fica saudável.
O ar vira paixão.
De repente estamos felizes.
Livres, desimpedidos de caminhar.
Queremos dançar, nos molhar.
De repente estamos lá.
Não é ele quem chega, somos nós que - sem percebemos - nos tornamos ele.
10 dias mesmo antes dele chegar.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Caixinha de madeira - cabe o amor do mundo!

Na caixinha de madeira
Trancada a sete chaves
Estão suas lembranças.
Apesar da pouca idade
Já guarda cartas amareladas,
Marcadas,
Pétalas amassadas,
Pingentes e anéis.
Uma bela história
Lá está guardada.

O primeiro buquê,
A primeira carta,
O primeiro adeus,
A primeira marca.

Na caixinha de madeira
Cabe o sentimento do mundo!
É tão pequena,
Mas guarda segredos profundos...
Lá está seu começo,
seu desenrolar
E seu futuro, que
Como todo 8,
Infinito e para sempre
Puro.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Porque I’m International...

Andrie and J.T. - My sis and brother.


I have found my self because I found them. I was afraid - a lot - suffered miss my home that had fallen behind, but I build a new one. It was a nice and funny house. My room was in one floor and my family stayed in another. I had no TV in the room, only silence and music. At night there were no bars, there were board games and a lots of laughter! Especially when one of us fall into the boxes of "Pay Day", silly laughs, but worth it.
This time of year my feelings of miss are strongest.
There they showed me that at Christmas the family mount the tree together, and each one must make or buy a new ornament, with his name and date marked (even far away, I keep sending mines!). I learned to build ‘houses of candy’ (a delight!); to respect different cultures, people, and ways of life… I met the IHOP (and I can tell, I will never be the same!) and, most importantly, I learned to be me! And I discovered that people like it! Anyway...
Every year, close to Christmas, I get a box. It is the most awaited! When I wake up and see it is there, does not contain my tears. The most beautiful emotion is to know that the people, whom changed my life five years ago, had their lives changed by my presence. Knowing that they miss and love me as the same I miss and love them, I’m rewarded with the most simple and wonderful felling.
We can not pretend that I am not from there. My memory and my heart are already filled with an encounter that changed my life and transformed me forever. Because of them I will be always grateful to life, to live. Because of them I will always be half Brazilian half American, not American, half from Idaho.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Tédio

A inquietude me leva lá
Onde as paredes expõem tijolos,
Os santos abençoam o bar,
O saci pula o caixa,
E o choro não para de tocar.
Não pense você que é simples!
Ter tédio é sentir um ócio eterno
E por isso, mesmo cansada de tanto fazer nada,
Meus pés se movem, me levam
Em busca de um lar - que talvez - muito talvez - seja lá!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Vicky Cristina Barcelona

Um filme que recomendo e assisto de novo.
Que faz pensar tudo o que um dia nos passou a cabeça.
Que faz ver que tudo será como sempre foi.

Será que vale a pena correr atrás de paixões instantâneas? Ou ficar com o que é certo? Correr atrás de qualquer incêndio? Será que o certo é paixão? Esta paixão acaba? Será que não saber o que quer, mas saber o que não quer é uma filosofia de vida? Boa ou ruim? Um futuro planejado vale? Continuará sendo belo? Será que todo fogo que nos alimenta se deve a coisas passageiras? Ou talvez o incêndio que se reduz a vela é o que nos firma, nos traz vida? Um dia será tarde demais? Arrependimentos virão? Sempre assim? Voltar atrás? Ficar? Fugir? Essas dúvidas passam? Ou continuam ao se olhar no espelho, aos 60 anos de idade, da mesma maneira, com as mesmas dúvidas, talvez com os mesmos pressentimentos de que pode faltar algo, mesmo quando já se tem tudo.

Essas são algumas das dúvidas que Woody Allen nos deixa. Com seu jeito peculiar, uma comédia que dá gosto.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

E foi logo ali

Tinha sombra
- tinha sim! -
Mas quis o sol!
- todinho para mim! –

Logo ali...
Me queimei todinha
Só por estar...
Incêndio puro!
Toda sem ar,
Vermelha e ardida
De tanto amar.

Foi um tropeço
- confesso -
Em busca de um começo
Achei um fim!
- que belo! -

Soube por fim
Que tudo é assim
Vermelho - alaranjado
Fogo, sol, faísca.
Tudo queima,
Enfim,
Só por ser assim.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Você ainda não sabia???

Eu já!

Pessoas infelizes assistem mais TV
Um estudo feito por sociólogos americanos concluiu que pessoas infelizes assistem mais televisão, enquanto pessoas que se consideram felizes lêem mais e têm vida social mais ativa.
Os sociólogos John P. Robinson e Steven Martin, analisaram dados de quase 30 mil adultos que participaram de estudos sobre o uso do tempo e sobre comportamento social feitos entre 1975 e 2006.
De acordo com as General Social Surveys, pessoas que se consideram infelizes assistem em média 20% mais televisão do que pessoas muito felizes.
As pesquisas também revelaram que pessoas que se descrevem como felizes são mais ativas socialmente, participam mais de serviços religiosos, votam com mais freqüência e lêem mais jornais.
Os autores do estudo concluíram que assistir televisão pode contribuir para a felicidade do telespectador naquele momento, porém, há menos efeitos positivos a longo prazo.
"A TV não parece realmente satisfazer as pessoas a longo prazo da maneira como o envolvimento social ou a leitura de um jornal o fazem", disse Robinson.
"Os dados indicam que o hábito de ver TV pode oferecer prazer a curto prazo, mas causam mal a longo prazo."
Ele acrescenta que um pouco do tempo extra também poderá ser preenchido dormindo.(Depois da televisão) "o sono pode ser o segundo grande beneficiário da perda de emprego ou da redução nas horas de trabalho".

(matéria da Folha Online - http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u468797.shtml)

Para quem não sabia...

É tela de luz
Te prende,
Seduz.
Ao mesmo tempo
Inibi,
Conduz.

Prazer não há
É só para esvaziar
As idéias, os pensamentos,
Os estudos e sofrimentos.

Do bem é o que te faz pensar.

Prazer há
Em conversar,
Viver, ler e sonhar!
Prazer há em não te ter no meu quarto

Só livros, músicas e presságios.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Porque tinha...

No cheiro do jasmim
Na lua posta
Na quentura noturna
No céu estrelado
No seu sorriso malhado
Na roupa maltrapilha
De um sábado ensolarado

Tinha carisma,
Tinha amor,
Tinha preguiça,
Tinha ardor.

Porque tinha de tudo.

Um livro que me olhava,
Um disco que me tocava,
A vida que eu lembrava.

Tinha de tudo e era nada.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Experimentem

À todas as meninas.
Vocês devem fazer - se não o fizeram ainda - um pequeno ataque.

Vá ao mercado - vendinha, farmácia - mais próximo, e compre todos os produtos que sempre quis. Talvez seja um luxo, mas no fim é só prazer.
Coloque na sacola: aquele sabonete que promete deixar sua pele aveludada e fazer muita espuma; aquele esfoliante de maçã ideal para antes da depilação, caso use gillette experimente também usar a espuma falsa igual a dos meninos – quanto mais espuma melhor; pegue aquele shampoo que faz crescer o cabelo 10X mais rápido e aquele condicionador que promete desembaraçar tudo em um instante; escolha também o novo sabonete intimo que vem com uma amostra de algo indecifrável pela caixinha, você tem que levar um! Sem contar na esponja vegetal com encaixe para as mãos e na pedra para esfoliar os pés.
E nessa loucura, compre também aquele desodorante que promete não deixar marcas, o creme pós-depilação, o outro para o rosto e mais aquele para o dia-a-dia, este de pêssego. Não se esqueça também do sabonete líquido, desta vez para acabar com a oleosidade do nariz.
Se ainda estiver empolgada e sentindo que falta algo – sempre falta! - compre dois saches: um para máscara facial e outro para o banho de creme!
Por fim, é só chegar em casa preparar a touca térmica e cortar os pepinos!
Após esse surto consumista embelezador, corra para o seu banheiro (2x2) que lhe espera! Antes de guardar as coisas novas, faça uma limpeza geral em tudo que está acabado e ai sim, use tudo o que for novo! Faça muita espuma, se limpe, esfregue e saia de lá pronta, bela e deliciosa.
Experimente a sensação de se sentir satisfeita com o seu corpo, com o seu cheiro farmacêutico, com sua pele macia, bem cuidada, bem tratada. Experimente todos os cheiros e texturas. Afinal, só uma mulher entende o prazer de um banho de 2 horas regado de produtos e falsas sensações.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Pulo

O calor expande
A cada tarde um suor

Trás garoa,
Chuva forte,
Vem que vem,
Que tenho mote!

Charada, um pequeno poema
Canção, soneto,
Quem sabe um emblema?

Traga tudo
Bole tudo
Que tudo pulo,
Pulo tudo!

Galho, rosa,
E tu desnudo
- não cresce,
mas eu pulo!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Sem porto

Foi pensando na vida
Buscando um ardor
Que ela achou ele
Facinho, pegou!

Menina da saia, menino da calça
Era toda praia
Era todo balsa

Navegando foram-se
Casal sem porto
Do sol,
Do sal, do mar

Atracaram-se em fim
Em terra andante
Olharam-se
E continuaram

sempre a diante.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Eu posso

Acordar às 5h40 – nada muito cedo, apenas normal
Mas,
Acordar sem despertador!
Com passarinhos cantando na minha janela
Ao sol que vem surgindo
Ao dia que começa
É demais! Ó
Coisa bela!

É Sampa. Acredite.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Areia demais

O que será que as pessoas têm em mente?
Estão sempre a dizer:
“É areia demais...”
Como? Quem mediu?
Será que te engano?
Será que me engano?
Fosse tudo assim, simples.
Não é.
Há algo de muito mais nisso tudo.
Falta estima talvez...
Falta coragem?
Que valor é esse?
Eu não sei.
A cada frase uma dúvida,
Me larga assim:
Beirando a morte e com medo
De tudo acabar
Sem ter um fim.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Faltou

Quarta incessante.
Muito trabalho e pouca diversão,
Mas eis que surge um semblante!
Um quadro, algo de arte, uma paixão.

Mensagens interpelam
Algo de íntimo,
Um convite a mais,
Ato que já supõe-se ínfimo.

Amizade longínqua...
Tanto em comum,
Pouco que vinga.

Muito é falado,
Muito é combinado,
Mas nessa euforia
Sempre faltou algo...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Sua

E fui ficando assim
sua menina
mas, tão aflita!

Cai de uma vez
nessa mentira
mas, tão bonita...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

leva...

Diga que és só meu
Que sereis só tua
Coisinha miúda
Coisinha...

É um vento delicado
Que sopra de outros mares
Leva toda angústia
que sofre estes lares

Leva o que é dor
Leva o que é meu
Leva todo ardor
Leva tudo o que era seu

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Dor de amor

Não há adjetivos para narrar essa dor...
Só metáforas e palavras falsas,
jogadas ao léu.

Não há sentido em me deixar sofrer assim
Pedir um tempo, uma semana!
É fazer sofrer, amor.

É dor demais, eu não agüento
Daria o mundo para não sofrer,
para simplesmente ter você.

Por que brincar assim?
Fazer picadinho de mim?

Cuidado! Se demorar a escolher,
posso morrer.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ilusões e nada mais

"Trazer uma aflição dentro do peito
É dar vida a um defeito
Que se extingue com a razão"


Aquele sorriso irrefutável, que não me largava nenhum instante. Caminhava cega por entre os prédios. Cada ônibus que pegava era uma busca para te encontrar. Olhava a todos a minha volta procurando só o seu olhar.
Foi só um dia que passei junto a ti – uma noite, para ser mais precisa –, mas plantaste uma alegria sem igual dentro do meu peito. Aliviou minhas dores, meu sofrimento. O céu ficou azul, o dia quente, o ar mais leve. Ah, tinha a certeza que foi por sua causa que tudo isso aconteceu.
Fazia planos enquanto caminhava, rumo a sua casa. Comprei flores, afinei o violão, ensaiei a sua música favorita (pelo menos ontem era essa). Imaginava o seu rosto, e como você ficaria com tamanha surpresa!
Eu, moça – criança – trocaria de papel. Faria-te uma serenata, para ver-te tirar o chapéu. Violão a tira colo, virei uma dose na cachaçaria ao lado, para perder a vergonha e achar a coragem, mal imaginava que precisaria da garrafa inteira.
Fui chegando de baixo da sua janela, quieta e sorrateira, aprontei tudo, mas foi só dar o tom... Baque. Como um dia morto ela apareceu na sua janela, e você ao lado, de cueca. Me arrependi por cada momento – não o passado junto a ti, que foram só cinco horas bem amadas, mas junto a mim, que foram quase 24 horas de ilusão.
Menina besta.
O que esperar de uma noite zonza passada em um flat ao lado do cafajeste que te arrastou as lágrimas, a fim de consolar o fim de um velho amor? Esperava um novo amor? Há!
Pensa menina, pensa.
Nessa vida amor não há. Amor conquista-se ou deixa-se estar.

domingo, 19 de outubro de 2008

Verão II

Fez do domingo chuvoso um dia mais curto. O tempo voou e nós nem percebemos o velho tédio domingueiro. Foi bom, muito bom...

O horário de verão chegou assim: acelerando as horas monótonas e trazendo:
a garoa - para o descanso,
o frio - para deitar-me aos seus braços sem grudar,
a esperança - de um verão que estar por vir,
a névoa - para os poucos raios solares disseminar.

Ah... Venha verão, mas venha com tudo!

Moletom na gaveta, calça cortada, chinelo no pé, galocha na mão, biquíni amarrado, canga no portão, cerveja gelada, limão adocicado e peixe no fogão.

Venha verão!
Deixa-me suada, dourada, molhada, ah...
Venha verão!

sábado, 18 de outubro de 2008

Está tudo bem.
Não me falta companhia, muito menos paixão.
Falta o silêncio, a solidão.
Sábado à noite, garoa que não pára.
Busco ficar só com minha alma.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Verão

A semana para alguns pode ter sido ruim, mas, para esta que vos fala, foi de muita alegria.
Para fechar esse tempo e começar um novo relógio, deixo a frase linda que recebi hoje por e-mail da minha chefita:

“Onde tudo parece caminhar pra trás por conta de uma crise mundial, adiantar os relógios parece ser a única forma de estar a frente!Feliz horário de verão!!!!”
Mônica

Cupido

Fui te encontrar
bem lá,
na avenida a bailar.

Ó, cupido arrebatador!
Jogou
e de cara sua flecha me flechou.

Coração mole, velho e batido!
Flechado seguiu
bailando aturdido.

Cupido, cupidinho minha prece acuda
arranhou meu coração,
agora cuida!

Até quarta-feira dura.
Tamanha bebedeira, atura!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Poça

Ó! Segue toda
saltitante,
pela chuva,
pula poça,
pela rua,
pula a fossa.

Tempo feio,
dia alegre.
Salta tudo o que
desanima
e segue
toda toda
a pobre menina.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Femme Fatale

Quero deixar registrada minha admiração às mulheres.
Não àquelas que – como eu – só usam rasteiras e havaianas, saem despenteadas, têm por uniforme as saias adquiridas na feirinha do último verão e a regata branca de sempre, que às vezes (por total descuido!) é colocada do avesso.
Mas, admiração àquelas mulheres fatais, que acordam maquiadas, não dispensam o salto alto, sempre arrumadas, penteadas e agem como se toda aquela produção fosse natural.

Como? E o pé? As bolhas? O suor de andar o dia todo em baixo do sol? O cansaço? A roupa que vai amarrotando a cada levanta e senta diário?

Para algumas mulheres nada disso existe.

Fico admirada e perplexa. Em uma mistura de admiração e tolice, decido eu - besta e humildemente - me arrumar um pouquinho. Visto-me bela e coloco um mísero saltinho. Ha. Resultado: desconforto total acompanhado de nove novas bolhas. Delícia não?
Honestamente não sei como as mulheres pernas-de-pau agüentam. Apesar de toda minha admiração, decidi por continuar acordando de cara lavada e sendo feliz. Vestindo meus chinelos, saias, vestidos e regatas. Afinal, todos dizem que devemos visualizar da forma mais clara possível o nosso futuro, e o meu está escrito nas estrelas!
Um dia vou morar lá... de frente pro mar, onde a beleza não passa de um biquíni, uma canga e muita, mas muita água de coco.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Mal educada

Corre, salta.
- Olha a poça!
Ressalta.
Menina que anda
a mil sem porquê,
a cada "bom dia!"
cruza a rua
sem saber.
Para não ter
de sorrir
nem se quer
responder.

Vai menina, vai.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Voz

A mim basta
ouvir sua voz,
ficam as saudades,
mas se vão os agros.

Doce, leve, perfumada!
Voz que me segue
toda aveludada
- encorpada.

Es tu a cantora
E eu tua aprendiz
eterna e desperta
de um sonho feliz.

* Dedico este poema a querida Lucila, dona da seguinte voz e minha querida:

http://www.4shared.com/file/65907086/5ecfe219/What_kind_of_Fool_Lucila_LopesNorton_Mello.html

sábado, 4 de outubro de 2008

Recado

Escrevi um recado
que coloquei na janela.
Sem garrafa nem bota,
apenas sobre ela.

Esperei a chuva,
para que o molhasse,
e o vento,
para que o carregasse.

O mais longe possível,
por entre prédios, avenidas,
carros, becos, entre
as ruas sem saída.

Mas chuva não veio.
Vento não levou.
Foi você – meu anjo ardente –
quem o pegou.

Ah... riso que me invade.
Justo ele? Que divino saber...
Quem nada lê, relê
meu único recado – para saber...

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Conselho...

Se alguém lê estas palavras, talvez ache curioso receber conselhos,
mas uma dica que lhe dou: não leve a sério, pois o conselho é traidor...

Dias de sol: corra pro mar!
Se não dá,
trabalhe sorrindo,
caminhe cantando,
se souber assobie!
Tome um sorvete,
aproveite a lua e
a noite quente!

Dias ardentes: torre!
Se não dá,
Pule da cama,
caminhe lentamente,
vá pela sombra!
Beba água,
aproveite a ressaca e
vá se deitar!

Dias de frio: Fique na cama!
Se não dá,
acorde sorrindo,
caminhe coberta,
de cachecol, luva e meia!
Beba um café,
aproveite a tristeza, entregue-se e
fique de pé.

Dias de chuva: Fique em casa!
Se não dá,
se vista sorrindo - pra que piorar?
Caminhe rapidinho e se puder
deixe-se molhar!
Coma pipoca,
aproveite a névoa e
a sopa da Noca!

sábado, 27 de setembro de 2008

Bambo

Você que andava na corda
moço equilibrista,
cambaleava na roda.

Esquerda, direita,
direita, esquerda.
Eis que um dia
caiu de besta!

Pobre equilibrista!
Labirintite tinha
e andava na corda sem rede,
nem sombrinha.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A unanimidade busca a diferença

E a unanimidade é burra.

Na caça de um jeito próprio, o mundo se tornou muito diferente. E ficou igual. Faço aqui meu voto aos gordinhos, cabeças raspadas, camisetas e calças jeans – ou moletom. Às moças de cabelos compridos, que não pretendem buscar nada além do que são. Se despenteadas, se bem arrumadas ou apenas acordadas. Chega! De cabelos curtos enrolados, roupas planejadas – que pretendem o bagunçado. Chega de cabeludos, com barbas e bigodes, calça justa, calça larga, terno e sobretudos. Desejo os que são assim por natureza. Os que reconheço na rua. Cansei de te procurar em meio a tanta palha. Tudo igual. Dessa mesmice sobra você. Lindo de tão normal.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Vai se lascar

Na avenida
avistei um Pierrot,
de preto e branco
chorava uma dor

Nessa avenida,
não chore não!
Tem serpentina
muita pinga e um bailão.

Pierrot, é carnaval!
Dor de amor?
mas nem a pau!

(Vai se lascar
- ingrata menina -
Sem nenhum par
- tal Colombina).

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Não tem explicação

Quando a menina parte
de Sta. Cecília rumo à zona sul,
são seus olhos
que não contém as lágrimas
só por ver o mundo azul.
Caminha zonza,
sorrindo e acabada.
Ah, você não sabe
- nem nunca vai saber –
o que é tamanha alegria
só por ver o sol nascer.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Diálogo de segunda chuvosa

- Que frio.
- Quer um café?
- Tá quentinho?
- No ponto!
- hummm... perfeito.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Santa Cecília

Alegria que não cabe em mim!
Vou subir o pianinho - de madeira e marfim.


Cardeal brasileiro D. Paulo Evaristo Arns:
"A música, que eleva a palavra e o sentimento até à sua última expressão humana, interpreta o nosso coração e nos une ao Deus de toda beleza e bondade"


Segundo a "Paixão de Santa Cecília", Cecília possuía muitos dotes, entre eles, ela cantava e tocava lira. Consagrada à padroeira dos músicos, de todas as santas é a que maior número de basílicas teve em Roma.

Oração:

"Ó, gloriosa Santa Cecília, apóstolo de caridade, espelho de pureza e modelo de esposa cristã! Por aquela fé esclarecida, com que afrontastes os enganosos deleites do mundo pagão, alcançai-nos o amoroso conhecimento das verdades cristãs, para que conformemos a nossa vida com a santa lei de Deus e da sua Igreja. Revesti-nos de inviolável confiança na misericórdia de Deus, pelos merecimentos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Dilatai o nosso coração, para que, abrasados do amor de Deus, não nos desviemos jamais da salvação eterna. Gloriosa Padroeira nossa, que os vossos exemplos de fé e de virtude sejam para todos nós, um brado de alerta, para que estejamos sempre atentos à vontade de Deus, na prosperidade como nas provações, no caminho do céu e da salvação eterna. Assim seja."

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Precisa?

Era tardizinha
deitados ao relento,
mar a vista e
muita preguiça.

Na cabeça só uma idéia:
comprar
aquela casinha;
aquele cachorro;
aquela rede;
aquele piano.

Nada mais era preciso.
Amor? Paixão? Amizade?
Já havia, só crescia, fervia
Nada mais era preciso.
Já havia o moço mais bonito.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Bola fora

Chegou às pressas
mais uma vez,
o trânsito tonto
por ela se desfez.

“Dá tempo para um banho?
Rápido me apronto!”

19h30; 20 horas
20h30; que demora...

Tempo para pentear,
trocar de roupa,
se enfeitar,
ficar toda – toda,
tempo de sobra
para enjoar.

Se soubesse quanto vale
todo esse tempo...

Valor não dá,
o tempo da menina
a gente pode gastar,
basta jogar no ar.
O que ela faz?
NADA.
Não vale a pena
não deixá-la a esperar.

Do 13º
um quarto se apagou.
A menina chorou
e seguiu sola
a te esperar.

Bola fora menino igual a essa não há.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Dudu

Há dois anos a cidade congelava,
temperaturas batiam o recorde de queda
e em uma dessas madrugadas frias
- de 4 para 5 – mais para final de 4 -
um bebê nascia.
Dois anos passados:
A cidade vive seu recorde de calor.
As pessoas estão mais felizes,
com cores nos cabelos, roupas e sorrisos!
Tudo isso só tem uma explicação:
é tudo por causa desse menino!
Menino que nasceu, cresceu
e aprendeu o rir sincero!
Belo!
Hoje ele gargalha,
virando cambota no chão
e chamando pelo avô e pelo irmão!
Com dois anos esse pequeno homem já tem força,
para colorir o mundo e
aquecer nossos dias.

Alemão safado,
esperto e
alegremente
belo!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Não sei

Se caibo lá ou se é melhor me manter aqui,
mas sei que pertenço àquilo ali.
Ao que dedico uma hora
é ao que dedicaria a vida.
Entrego-me de corpo, alma, mente e coração
aos únicos 60 minutos
que me fazem viver com paixão.

Acorda, trabalha, estuda, malha.
O tempo é curto, mas
me resta uma horinha
para me sentir rainha.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

À procura

Todo dia ela saía à procura de um amor. Sorridente, de vestido e sapatilha, bonita ela saia, sempre para o seu futuro amor. Que azar a menina tinha, dia após dia, anos seguidos buscava, caçava e voltava sem nenhum amor. Pobre da moça... sonhava acordada. Se enfeitava toda noite, mas só o sol a despertava. Eis que um dia a moça tropeçou, caiu na poça e muito xingou! Praga a todos rogou, inclusive ao seu sonhado amor! Moça fechada, não sorriu um só segundo, mas nesse dia – toda molhada – foi que a moça o encontrou. Seu ódio o amor atraiu, mas pobre da moça, não era amor mas paixão que surgiu. Que moço descuidado, a vida da moça invadiu. No único dia sem preparo, seu coração foi tomado e a pobre sem saber, deu de tudo, fez de tudo. Mas era paixão, e esta... como sabemos... Passado os dias contados, a chama apagou. A moça desencantou, não mais prestou. O moço partiu e a arranhou. Hoje a moça segue - saindo sozinha - toda noite à procura de uma paixão.
Toda noite ela saía à procura de uma paixão...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Joana Francesa

Tu ris, tu mens trop
Tu pleures, tu meurs trop
Tu as le tropique
Dans le sang et sur la peau
Geme de loucura e de torpor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda

Mata-me de rir
Fala-me de amor
Songes et mensonges
Sei de longe e sei de cor
Geme de prazer e de pavor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda

Vem molhar meu colo
Vou te consolar
Vem, mulato mole
Dançar dans mes bras
Vem, moleque me dizer
Onde é que está
Ton soleil, ta braise

Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda

- Chico Buarque

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Por que te amo?

Fim de linha.
Cresce ódio,
cala, silencia.
Pesa o ar,
angústia cria.

É só uma viagem.
É só de ida.

Foi comigo?
Foi contigo?
Foi com ela?

Volta tímida.
Volta Bela.

Entalo na garganta
o grito de revolta
e ao cair da última gota, ah...
Reviravolta.

Fala
doce, memorável,
nostálgica.
Me lembra
o porquê.

Quem grita,
cala,
mal trata,
É quem
ri,
passa a mão,
abraça.

Não é por isso.
Quem sabe, sabe:
É muito além de tudo isso.

domingo, 24 de agosto de 2008

Canseira

Dorme benzinho
que o dia raiou,
estamos cansados
de tanto amor.

A lua bonita
a noite enfeitou,
fizemos seresta
cantamos com ardor.

Dorme benzinho
que a noite acabou,
brincamos demais e
estamos com dor.

sábado, 23 de agosto de 2008

"..."

"Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?"

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Demora

Passa um,
passam dois,
qual foi esse?

Perdi.

No luminoso:
Veículo Novo,
mas nome não tem.

Ai, cadê o trem?
Já foram 30 minutos
e ele não vem.

Vem trem, vem.

Cada minuto
e mais um minuto
sem meu bem.

Ô, diacho de trem.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

cansei...

Quanta indiferença.
Se ouvisse um só:
"Não vá, fiquei, vamos amar!"
mas nem assobio
me chega
aos ouvidos.

Parto triste,
sem despedida,
mais uma semana longe
só saudades,
lembrança,
e vontades...

sigo perdida.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Fuga

Não, ai não!
Por aqui.
Vai sobe!

Dá o pezinho.

Cuidado!

Ai!

Levanta, levanta!
Rápido!
Por aqui...
Pronto!

Põe no buraco,
vai, mais alto!

Força, força!
Isso!

Tô chegando...

Pule, pule!

Ai!
ahhhhhh
Consegui!
uhuuuuu
Tô exausta...

Para não menina!
Pulou o muro
agora corre!!!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ouça

O inaudível.

Onde o
silêncio reinar
se tranque.
Feche os olhos.
Ouça.

Dois segundos
se começa a escutar.

É um som que,
de princípio,
Lembra o mar.
Ele vai aumentando
simples e leve.

Ouça-se
o borbulhar,
o salivar e o
respirar...

De repente a batucada!

É o coração
ao silenciar.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Fim

Tem dias em que tudo se começa, mas nada se finda.

- Ô Rosa, o que faço com a massa?
- Deixa descansar até amanhã!

Amanhã infindo.
Segunda tudo irá se iniciar, mas qual o dia de acabar?
Nos falta tempo.
Sorte daquele que dedica 100% a 1 paixão.
Porque àqueles que a paixão não rende, falta tempo para chegar lá.
Ao aperfeiçoamento.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Àquela

Você partiu,
deixando no quarto
um canto vazio.
Se apaixonaste por mais uma,
com mala e cuia foi
pra rua,
mas esse amor
nunca existiu.

Agora vieram dizer
que esteve
chorando em mesa
de bar...
Ah, que pague
mais uma àquela
pra te consolar...

Você partiu.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Retrato

Deitados na rede:
eu, você o violão.
Nada em mente,
só uma canção.

Você tocava,
eu sorria e
nós cantávamos
a velha cantiga...

Nessa ilha,
nesse chalezinho,
nessa rede,
nesse mundinho.

Ah, o tempo parou!
Sem nem sentirmos
a máquina clicou.

O retratinho?
Guardo hoje
com carinho.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Ciano e magenta

Celeste
Marinho
Royal
Turquesa
Calcinha
Bebê

Céu
Sangue
Mar
Olhos
Gralha
Baleia

Um brinde:
à cor do Caprichoso,
à cor da calmaria,
à cor dessa menina.

terça-feira, 29 de julho de 2008

É praia

Primeiro areia branca,
quente.
o pé pula
na fofa
até chegar na
areia dura,
ambiente.

Pare,
ouça.
A maré tá calma,
o som tá doce.

Mais a frente
areia úmida,
escura.
O pé afunda,
a marola bate.
Depois areia
molhada,
misturada.
Envolve o corpo
que nem a sente.

Ah...
Deite,
ande,
nade...
é praia,
relaxe.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Nãná

Feche os olhos benzinho,
que não há ninguém.
Ouça a cantiga
que vem com o ar...
é passarinho
na janela
a cantar.

Sonhe benzinho,
estás sozinho.
Ouça seus desejos
porque logo irás acordar
é sol
na janela
a raiar.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Fim

- Vai sair assim, na minha cara, acompanhada?
- Por quê? Decidiu ficar?
- Não. Eu tenho que ir.
- Você tem que partir... e eu ficar.
- O que quer que eu faça?
- Nada. Dois meses bastaram.

Ficou marcada:
A paixão,
a despedida,
a perda.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Se perde não Maria!

Vamos, vamos, a festa será boa!
Show do grupo, vai ser animado!

22h - Maria chega ao local.
Espaço grande, bonito, ainda vazio.
Pegam uma mesa, a música ambiente (put put put put) começa a machucar a cabeça de Maria.
- Um uísque, por favor!
A bebida sagrada lhe é servida em copo plástico - pecado.

1h - (Maria agüentou?)
Casa lotada!
As pessoas (meninas de shorts e moços de regatas - era inverno) se esbarram, suam, perdem a compostura e dançam passos que parecem pertencer a um ritual – desses de animais. Alguns se encontram em meio ao passo e acabam se beijando, mas logo cada um segue seu rumo, em busca de outra troca de salivas.

2h - a banda entra no palco, um ‘pagode’ que dói!
Músicas que falam de amores imaturos, coisas bestas, ritmo chato, como Maria ainda vive... Leva três cotoveladas nas costas! É tem casal dançando na pista... mesmo sem espaço, eles nem ligam.

3h30 - a banda sai.
Os amigos de Maria não querem partir...
A música muda. Agora é ‘sertanejo com funk’... ah... Maria.

4h - Maria e seu bem dormem no carro a espera de seus amigos.

5h - Maria acorda de susto.
Não basta a noite, a dor de cabeça e garganta inflamada, há briga no estacionamento. Menina com o namorado da irmã... que coisa feia.

5h10 - Maria não agüenta.
Liga, liga, liga.
Todos entram no carro.

5h30 - Maria acha o caminho de casa.

Se perde não Maria!!!

* nada contra os ritmos citados. Música é música, se bem feita (seja funk, sertanejo ou pagode) respeitada.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Vamos falar de música...

... mais uma vez!

Estou atônita desde quarta-feira. Nada consegui escrever.
Fui me arriscar na ida de um show: Três vozes e uma canção.
Três vozes, das quais só conhecia uma, e três novos compositores, dos quais muito pouco, até então, tinha ouvido.
Que belíssima surpresa.
Em um botequim com duas garrafas de cerveja (fechadas) à mesa, muita água e um violão, Isabela Moraes, Jana Figarella e Paulo Neto mostraram, através de suas composições e interpretações únicas, o que há de novo e belo na nossa música.
A apresentação mescla suavidade, romantismo, boêmia e samba. Tudo o que desejo a todos nessa vida.
Vale à pena caçar a agenda de shows dessa trupe!

** Desculpem a falta de inspiração nesses últimos dias, mas dediquei meu tempo - após esse encontro - ouvindo e revendo poesias das quais não chego nem aos pés.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

É dia

Hoje é tempo de paz,
alegria demais,
tristeza
deixe pra trás.

Quero ficar
de bobeira,
não importa que seja
manhã de feira.

Na na na, nana, nã
Na na na, nana, nã
Na na na, nananã...

Qualquer dia é dia
de cair na folia e,
sem rebeldia,
vire um copo a mais.

Quero rodar
no salão
gafieira e baião,
não importa o mais.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Mas há

Deixe de pensar.
O que eu quero é
falar de boa,
sorrir à toa,
te contemplar.

Deixe-me calar.
O que eu quero é
silêncio puro,
pouco sussurro,
silenciar.

Deixe isso passar.
Não há vento,
nem há relento,
mas há um dia que
isso vai mudar.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Gata fera

O que me fizeste?
Disseste o inapropriado,
mostraste-me o que é pecado.
Que tristeza, que maldade,
mas tu serás enterrado!
Sem coroa nem aplauso

Cuidado!

A gata virou fera...
Gata fera
Fera bela
Bela gata


Medo não há mais!
Se ferida – vinga,
se bem tratada -
não corre atrás.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Sem fim

O amor é coisa infinda. Uma vez flechado não há como fugir. Difícil não é conviver com muitos amores – uma vez que um amor só se extingue com o esquecimento total, de existência e tempo, todas as paixões existentes vão preencher o seu coração durante toda a vida. Até que um veneno mnemônico transpasse suas veias e apague todas as lembranças com esse alguém distante, retidas em um passado infindo... Esse amor não será extinto - difícil é ter que amar um coração que, por história, já possuí amores acumulados. Não há remédio nem saída, o amor é o sentimento sem fim. Marca certeiro, no fundo. Volta à memória sem notas ou avisos. Permanece lá. Sombra que te segue até que você a deixe ficar só, em algum lugar.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Promoção

Ah que lambança,
que dia estranho,
tudo caminhando
e ainda me falta.

Que tormento,
angústia, rodeio.
Se te aceito me escravizo
Se te deixo me ironizo.

Por onde ir?
Foi uma oportunidade
ou mais uma ilusão?
Sonho em vão...

Que lembrança...
Não sabia o que queria,
mas isso quando crescer
não serei nem a pau!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Esquece...

Ela encontra Ele.
A partir daí...
esquece as ruas, as luzes,
as falas, os bares, os parques,
esquece o tempo e a cidade.
São os dois e
tudo o que precisam:
um sofá.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Literalmente perfeito

Acordar e ver:

Suas quatro pernas
entrelaçadas,
permutadas.
Seus quatro braços.
Dois lhe parecem fugir,
alongados para o outro lado
abraçados ao seu segundo tronco.
Os outros dois
também seguem juntos,
mas te seguram firme,
te agarram.

Olhar para o seu outro corpo
é o que te torna assim
distinta.

Ao amanhecer.
- ou ao entardecer –
Ao anoitecer.

Olhar-te completa
olhar:

os olhos fechados,
o rosto amassado,
a sobrancelha despenteada,
a boca rosada, linda,
ainda que seca,
o cabelo bagunçado,
e todos os outros pormenores
desse corpo, desse duo.

É o sentido literal
do momento perfeito.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Beco sem saída

A lua sobe
a música envolve

- mais uma dose!

a angústia cresce
de que vale
viver encolhida?
Que idéia é essa?
Fórmula de viver
sempre fingida.

- mais uma dose!

a gargalhada fica fácil
o sangue esquenta,
a voz fica alta,
fala mole.
Antes retraída,
agora ...

- mais uma dose!

fala, fala, fala...
Discursa filosofias:
'o mundo me condena'
que se exploda então!
chuta o balde,
quebra o bar,

- mais uma dose!

Segue caída.

domingo, 6 de julho de 2008

Cafezinho

Bem distante havia uma casinha. Era tão longe quanto linda. No caminho tantas pedras, o caminhar doía! Então João carregava Maria. Na chegada já sentia-se o cheiro, a cada passo ele ia se tornando mais forte. O calor do fogão à lenha preenchia o ambiente e a viagem valia a pena, pois o café da Dona Hilda já jazia na chaleira. Era tudo tão charmoso. O café, o açúcar mascavo, as histórias... E só isso ainda era pouco. Havia a cidade. Um vilarejo rodeava a casinha. Eram tantas cores, sempre acompanhadas da branca! E havia a maresia, a melodia, os poemas de Drummond, a nostalgia. A cada passo se cruzava com um livro, uma música e um amor. Ainda era possível ver o mar, se banhar e voltar, para mais um cafezinho. Ah, que casinha.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Férias

Não sei se alguém realmente lê isso, mas para os que o fazem deixo aqui duas falas e um poema sublime de queridos escritores para me despedir...
Vou de encontro ao mar e só volto semana que vem!
beijos e abraços aos que ficam!

Divirtam-se:

"Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens."

João Guimarães Rosa

Resíduo
(...) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

(...) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafao insuportável mau cheiro da memória.
Carlos Drummond de Andrade

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
Clarice Lispector

domingo, 29 de junho de 2008

Fuzuê

Batuque na caixinha,
pandeiro, cavaquinho e violão!
O copo tá cheio,
o papo tá bão.

Risada demais!
Amigos demais!
Histórias demais!
Samba demais!

A noite chega
e tudo recomeça...
A lua dá a cara,
renova a festa.

Batuque na mesa,
banjo, rebolo e tamborim!
Tu segues cantando
só para mim!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Prece do meio-dia

Que o quê busco, esteja debaixo do meu nariz.
Que o meu sonho, seja sonho! – me mantenha viva
Que eu espreguice ao acordar.
Que o sol me aqueça.
Que seu abraço me aqueça.
Que a vitrola não pare de rodar.
Que os livros não tenham fim!
Que o show prossiga,
que a cortina se abra... que se tire o pó.
Que as palavras se juntem à melodia e se tornem uma!
Que a individualidade seja a nossa paixão - nos una.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Sol

Se você acordou hoje...
nossa... que sorte!
Vês o sol???
Que imenso, uma lindeza só.

Ah...
enfrentar o trânsito com os olhos enrugados,
que luz é aquela a me enfrentar?
Nem acredito... é sol
só.

Alivia meu inverno solitário.

Traz esperanças.
Me lembra que logo após a primavera,
o verão vai chegar!
E ai tudo será carnaval!

Laranja, amarelo, vermelho
Traz cores, sabores, suores,
quentura, paz, desejos,
sorrisos, paixões, apegos...
afagos... sol... só.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pedacinho

Há momentos que somos consumidos por uma inquietação única. Uma busca incessante para criar aquilo (isso mesmo!) que sempre se quis, algo sem nome, estranho a nós... Mas sentimos... E é simplesmente o que precisamos fazer agora. Passar esse sentimento a diante. É nesse tempo, nesse instante pequeno onde tudo se mistura. Nessa loucura, alguma claridade insana nos leva ao tão desejado... A arte. Não precisa ser bela ou admirável, por si só ela já é tudo isso. Não necessita de explicação e nem palavras ou complexas partituras, basta que seja arte. Basta que seja feita, que nasça do inexistente, do incompreensível! É arte. A busca incessante para criar aquilo (um pedacinho do que és) que deixará no mundo. Reflexo simples. Nada mais.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Brincadeira

É brincadeira de roda - de roda
girar, girar e rodar
até entontecer, estontear
de tanto rodar

É brincadeira de roda - de roda
girar, girar e rodar
até trocar os pés
de tanto rodar

É brincadeira de rodade roda
Girar, girar e rodar
Até cair - fazer doer a barriga
De tanto rir

É na brincadeira de roda – de roda
De tanto girar, rodar e rodopiar
Se encontram - a foto!
Só sai palhaçada! É Pura risada!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Inverno

O dia amanhece escuro
Neblina ao alto
Morto, entristecido
Gelado.

Mas ela tem:

- Café no bule
- Sopa no fogão
- Música na vitrola
- Pijama de flanela

E tudo fica bom...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Desconsolo

É coisa amarga de tragar.
É fruta verde,
chiclete velho,
sapato furado,
é inverno.

Coisa que brota
sem nem deixar nota.

Arranha, fere, esfola.
Chega, invade, destrói.

Toma conta de tudo que era seu – o eu,
em questão de segundos.
tudo transforma.

Incontrolável. Inconsolável.

É sal correndo pelas faces.
Briga de galo.

Fiasco.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Disse me disse

Disse Maria a João
era pura ladainha, fofoca,
mentira, pirraça,
tudo em vão.

Disse João a Maria
era puro dito, falado,
escrito, ponderado,
tudo em pilha.

Coisas de João
Coisas de Maria

Eu acredito em nadinha!
Não, não, não.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Exaustão

Ao som dos carros que passam, dou três voltas em um quarteirão lotado. Procuro um espaço. Felizmente (infelizmente) acho. Salto do El Foguito em busca de nada. Atravesso a longa avenida em direção ao bairro residencial. Sem prédios! Só árvores e casas. Junto os passos pouco a pouco e aumento o ritmo. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9,... 100,... a contagem é longa. A barriga começa a doer, as pernas formigam. Na frente uma decida (na volta uma subida!), viro a esquerda. Continua a contagem. Seguranças conversam pelas esquinas. Cachorros latem. Meu pé incha, dói. A respiração passa do nariz para a boca. Inicia-se uma tontura, aquela dor de cabeça cansada, não resisto; olho às horas: 5 minutos passados. Ainda me restam pelo menos 25 minutos de perseguição. Corro, corro, corro... e nada. Pura exaustão.

domingo, 15 de junho de 2008

Ah...

à sombra da pitangueira
o raio de calor
são seus braços, nossos
abraços, o amor

Ah, que leveza é essa?
você me faz parar no ar
tudo flutua, uma
beleza mútua

Pitanga, sombra
parar, ar

mordida, escondida
contida, ah...

uma nova cantiga
um novo falar
palavras dispersas,
notas, nada mais...

amor.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Desejo

Devorar-te.
Com as mãos,
dentes e unhas.
Lamber os dedos
com a ânsia infinita
de só te devorar.

* Um brinde, ao dia dos namorados, aos amados, às paixões, ao amor e à todos aqueles que descobriram que - sim - é possível viver só, mas nunca sem amar.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Meu espelho!

"Os blogs são uma forma saudável de expressão para quem não tem outro lugar para exteriorizar seus sentimentos a não ser esse vazio eletrônico. Por outro lado, essa tecnologia faz com que as pessoas se aprisionem em fortalezas construídas com suas próprias palavras, tornando-se narcisistas. A tela de computador é o espelho de Narciso, onde as pessoas vêem o reflexo da própria perdição".
Lee Siegel em entrevista para a revista Época dessa semana.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Cidade

São becos, ruas, avenidas,
tudo em uma mesma direção.
Levam à Paulista, centro,
Ipiranga, São João.

Uma maré de aço,
entre os vales do caminho,
colore a noite com suas luzes
brancas e vermelhas.

Deixe-se guiar pelas luzes que o cegam,
pelos sons que te carregam.

O que parece insano
é feito de pura lógica.
Sentido.

Deixe-se mostrar por entre essa gente,
toda poesia e música que contém.

O que parece natural
na verdade
é a mais louca - criativa - existência.

É vida.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Se puder sem medo

Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava

Oswaldo Montenegro - ouça!

domingo, 8 de junho de 2008

08/06

Dia oito, mês seis

Em 2008
Celebra-se o ocorrido seis anos...

História simples:
Os olhos dele cruzaram os dela,
Os batimentos sobressaíram o som
da festa de São João.

As palavras acabaram,
o beijo se tornou inevitável!
Só se ouviam os fogos
nada mais.

Simples assim...
as vidas - dele e dela - se uniram.

Hoje não se sabe de quem é o caminho,
é dela ou é dele?
Não importa!

Após seis anos...
ele e ela viraram um,

simples assim.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Vamos falar de música

Como me disse um dia Carlos Calado:
"Quem acha que a MPB morreu, está surdo ou não sabe nada sobre a cena atual da música popular brasileira".

O moço tem 22 anos e suas canções já se fundiram no meu radinho.
O CD inteiro prende.
Desde as mais dançantes, como Vou Mandar Pastar que (apesar do tema forte – a dualidade que existe em nós) nos faz dançar, após o banho de uma sexta-feira que promete; até o delicioso jazz de Nesta Hora Ingrata e a calmaria de Represa, cantigas ideais para começar o dia de forma leve e deliciosa.

Ao ouvir o disco pela milésima vez, nota-se a impressionante e suave fusão que há entre letra e melodia, coisa rara – divina – que vale a pena conhecer.

Meus xodós ficam por conta da simplicidade e leveza de Trivial - "Mas quando olhei já era mais que bruma, eu estava trêmulo era trivial" - e pelas palavras de outrora encaixadas no samba Papagaio – "Tá achando que eu perdi a bossa pelos caprichos de vossa mercê? tem barulho de trem na cachola ou o quê?".

O CD?
Tranchã
O moço?
Vinicius Calderoni
O show?
Ainda não consegui ir, mas dia 9 estarei prestigiando-o no Tom Jazz.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Ah… mês seis

O inverno abre as portas, esfria o corpo e obriga a alma a se esquentar.
Entra o mês do amor e das festas deliciosas!
É tempo de vestir xadrez, pintar a cara, beber quentão, dançar quadrilha e de Maria, mais uma vez, se apaixonar por João.
É tempo de frio, amor e calmaria.
O dia nasce escuro - ô preguiça de levantar
Tudo começa mais tarde - o espreguiçar dura mais que uma vida
Tudo pára no tempo... Nada acontecerá?
Eis que nessa quietura enganosa, de um gelo que o sol, humildemente, arrisca com sua face quebrar, tudo acontece.
As pessoas passam a ter uma beleza misteriosa, escondidas em seus casacos, se tornam conservadoras e tudo parece ficar tímido. É nesse cenário, de frieza e acanhamento, que dedicamos nosso tempo a observar – os outros e a nós.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Eis que te acho

Após tanta existência (três pedidos - avisos ou conselhos) deixarei jogadas aqui minhas palavras.

Pode ser que venham a ser jornalísticas ou, muitas vezes, meros desabafos - coisas que sobram em mim, sem pé nem cabeça. É muito provável também que eu publique o que já foi publicado, mas vale a pena ler, porque neste caso: o que já foi dito se tornou indispensável.

Leia, divirta-se, ria, chore, critique!