terça-feira, 14 de abril de 2009

MUDEI

Prezados dois leitores,
estou de endereço novo, não deixem de passar lá:

www.poemetodemaria.wordpress.com

espero que gostem!

Beijocas

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Mulher nasce assim. Dita e pronta.

De todos os excessos se fez a mulher.
De besta apaixonada, planejadora - mesmo quando da mais louca. De ciumenta à desprendida. Toda excessiva! No limite alto, no transbordar do copo. É ela paixão pura, ódio puro, suor, calor, tremelique, chilique, carinho puro. É água pura, ardente, amarga e deliciosa de tragar. É ela quem acha que aprendeu a mentir tão bem, a ponto de esconder sua pureza. Tola. É ela quem tenta enganar enquanto se deixa enganar. É ela mulher.
Tolera, perdoa, ama, segue, persegue. Acha que vinga e sempre apanha. É dela a arte de amar, de se fazer amar, de se buscar amar.
Espera. Carrega no colo.
É ela o porto dos desvairados, os sonhos dos boêmios, a inspiração dos poetas apaixonados.
Ela, ela, ela... Dela!
Todo o dom de sentir. Chora, ri, sonha, desiste; tudo em um segundo. Guarda cada sentimento, afinal, ela é a criadora deles todos! A ela tudo pertence. Mulher, menina, senhora. É tudo uma. É tudo doida aos olhos do mundo real. É alma que se encolhe e – na hora que flori – vira fera. É assim. Bem e mal.
Dizem por ai que é poderosa. Poderosa nada! Sofre. Do sofrimento aprendeu a lição. Caso hoje tenha se transformado, se tornado, é culpa dele. Safado.

terça-feira, 7 de abril de 2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Em busca da leveza

Às vezes a leitura me cansa.
Não por ser chata ou ruim, mas por me distanciar de onde em vim.
Muitas vezes vejo um livro que é de todo meu. Sou eu.
Não que eu vá gostar de ler, ele também me cansa, mas boto fé que o dia que eu colocá-lo para fora vou ser leveza pura, tão de leve de nunca se cansar.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Mesa delícia



Na companhia ilustre de Dona Inah, recebo a mais bela – e urgente – notícia:

- Ah! Todo músico é de touro! Se não, a maioria é...

Que alegria!
Na lista:
Johnny Alf, Paulo César Pinheiro, Beth Carvalho e Pixinguinha!



Tristeza chegou e logo foi-se embora.
Se não existisse, alegria também não tinha
Para bebemorar noutrora.


terça-feira, 17 de março de 2009

Aprendeu

Era no tempo da delicadeza. Flutuava pelas horas, como se nada houvesse, nada prendesse. Era tempo de quintal. Jogava água e bola. Fingia ser de tudo. Era amiga do rei! Talvez fosse a mulher, mas de inocente não sabia. Gostava de sorvete. Dessa infância mágica carregava tudo o que via, não queria perder nada, porque mesmo nada era só alegria. Desde tempos aprendeu a sentir. Sentia raiva da fome. Preguiça do sono - do banho. Sentia amor pelos irmãos - que eram os mesmos que odiava tantas vezes... sem saber, aprendeu assim o equilíbrio do amor. Sentia dor por chutar o pé no chão. Sentia dor quando gargalhava de alegria, descobriu assim que tudo doía, bem lá! E assim cresceu. Carregando tudo o que aparecia, e sentindo tudo lá dentro, como se tudo que sentisse fosse sempre urgente, sempre útil e necessário. Encheu uma caixa, só de sonhos e sentimentos. Sentiu tanto, que na era da dureza, não consegue não sentir... e sente saudades, que muitas vezes misturam arrependimentos... e sente também aquelas vontades duras de chorar tudo, esquecer tudo e nunca se virar para trás... ah, se fosse fácil. Descobriu que não dá. Agora espera por uma nova época, futura que o vento vem trazendo, onde vai entender o que aprendeu por tanto moer-se.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Semana


Minha segunda começa na terça
meu arrego bate na quarta
na quinta sobra vontade
e sexta... sexta... (?)
a preguiça invade.


(Dia 03/03/2009)
Quando o dia cansa
17, 18, 19 horas
O farol está vermelho
Os olhos também
Você questiona: vale a pena?
A perna bambeia
a voz - de tanto - já falha
cambaleia zonza
será que comi? será que dormi?
será que vivi?
cansa, dói e dorme.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Escreve, vomita, distorce

Quando falta tempo, Maria escreve igual uma doida. Não quer saber de pontuação nem de ordem direta, escreve para se dizer escritora. Não tem nada para narrar, sua relevância é nula – e de seus textos é negativa. Mas tem prazer ao ver que conseguiu juntar as palavras que sabe e ao final poder ler, reler e repassar tudo o que não sabe. Maria não é besta. Gosta de narrar o que vê – e o que vê é tão sem graça... Uma sala, dez computadores, planilhas, contas, contatos, recados, ar condicionado e uma janela. Ah! A janela. Sempre há janelas em contos, ela parece querer te lembrar que sua vida em uma sala será sempre um saco. Não importa o que rola entre as quatro paredes – se rolar ao ar livre será sempre melhor – a não ser que no trancado haja palco. Lá fora há mundo, há vida, há algo que lembra liberdade. O vento no cabelo, daquele que levanta a saia e deixa Maria sempre sem graça – que graça. Esta sim! Vale a pena ver e admirar. Apesar de sempre fechada, por de trás de seus vidros escuros Maria enxerga um sol – que quando nasce parece mil; algumas árvores – que quando chove parecem voar; e claro: vê muros, prédios, trânsito... Mas estes Maria finge que não vê. E é menina tão dispersa que vive buscando o que narrar. Nessa vontade de escrever, ela vomita suas vontades, distorce toda a verdade e – em um átimo, lembra que tem que voltar à trabalhar...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Foi por só/não saber querer

ou: Poemas de rosa e cravo


Foi um passo incerto
Deste que te leva, leve
Em qualquer lugar

Foi por não querer saber
Que me fez querer
Ver onde isso vai dar

Foi você chegar ligeiro
Cheio de manejo
Pra me conquistar

Foi você aparecer
E despertar o ser
Que se pôs a dourar


Foi um passo certo
Deste que me leva, leve
Só pra este lugar

Foi por só querer saber
Que te fiz querer
Ver onde isso vai dar

Foi por seu olhar desperto
Cheio de desejo
Pra me conquistar

Foi você aparecer
E despertar o ser
Que se pôs a amar




quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Que venha!


É preciso tirar o pó da fantasia
Uma fervura me incita
As marchinhas estão na língua
Salta purpurina
O sol não se esquece
Esquenta, arde, enlouquece
Quarta a chuva vem – com gosto
Curar a ressaca
Curar o desgosto
- Desgosto amargo das bocas embriagadas
Já era hora de achar seu Pierrô
Na avenida, na rua, nas casas
As mascaras libertam as almas pacatas
Ninguém se acanha; ninguém se vexa
É carnaval.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Excêntrico

Definição do Michaelis:
ex.cên.tri.co
adj (ex+centro+ico2) 1 Que está fora do centro. 2 Que tem centro diferente (como dois círculos ou duas esferas, cujos centros não coincidem). 3 Diz-se de uma elipse, em relação à sua maior ou menor excentricidade. 4 Bot Diz-se do ovário, quando não ocupa o centro da flor e do embrião, quando não está no centro do perisperma. 5 Esquisito, extravagante, original. 6 Não conforme ao uso. Antôn (acepção 2): concêntrico. sm 1 Indivíduo que tem excentricidades. 2 Peça que, girando em torno de um ponto que não é seu centro, transforma um movimento circular contínuo em retilíneo alternativo; came. Var: excêntrica.

Disseram que sou excêntrica. É. É muito provável que eu seja.
Se me incomoda?
Nem um pouco.

A noite de ontem:
Bar com as amigas e seus respectivos. Aquele encontro inevitável das pessoas que se viram crescer. Talvez o inusitado do encontro seja eu, a mais distante e, por conseqüência, a mais saudosista.
Os assuntos mudam com o tempo. O que antes era os possíveis amores, as brigas com os pais, entrar na faculdade; agora virou: o futuro com o companheiro, as risadas com os pais e trabalho. Hoje o desconforto que quase chega à mesa é logo confortado pela cerveja gelada. Hoje, continuamos meninas, sem dinheiro, buscando serem tratadas como mulheres independentes e auto-suficientes! Não esperávamos que depois de formadas ainda houvesse um hiato à vida adulta, à nossa casa. Logo a temática das pseudo-adultas se esgota. Afinal, continuamos no mesmo lugar, cada uma mora em uma esquina, de um mesmo quadrado, os parceiros – finalmente – são constantes, e o trabalho também.
Enfim, segue-se o papo de bar. E aí vejo que pode ser... meu eixo é outro. Oscila entre ligação surpresa a quem fui apresentada uma só vez. Festas extravagantes com ar de hippie. Desejos de ir à Disney, e claro: Cuba. Até por escrever entro neste contexto. E aí percebo que sim, quem escreve é excêntrico. Sou treinada a ver outros mundos. O que você observou naquela mesa de bar – felizmente – não é nem metade das histórias que agora tenho para contar. Sou excêntrica. Assumo. E sou feliz.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Manias

Acordava sempre assim, tinha ainda dez horas das quais queria dormir. Era de uma preguiça invejável, daquela manhosa, gostosa, mas levantava cedo. Alongava até a alma para sair da cama. Os braços ficavam maiores, as pernas se moviam por todos os cantos, todos os lados, cada uma por si. A boca? Esta engolia o mundo! Mexia os lábios como em novela mexicana, não havia palavra, apenas gestos e expressões silenciosas de quando o sol está nascendo. Assim também eram suas mãos. Seus dedos se alongavam como em uma dança, mexiam, brincavam entre os filetes de luz e sombras que saltavam à janela - através dos tecidos roxos e verdes - enfeitavam os gestos pesados de um corpo relutante. Apesar de tanto bailar e se esfregar contra um colchão tão macio, largava-o assim: sem ninguém a lhe amaciar; e pensava: Seria bom ter um par, não te deixaria assim pela manhã, frio de tão só. A Testemunha acima ria da pseudo-caridade. Para fugir do sono encharcava o rosto, a água era tanta que a forçava a cerrar os olhos – e ai sonhava mais uma vez. Fingia que a cama não estava mais lá; que saiu do ressinto por medo de acamar com tanta preguiça. Esfregava os dentes, passava a lavanda. Vestia-se de branco aos tons pastéis, sandália de meio salto – para ganhar dois centímetros a mais de mulher. Saía leve, ao seu tempo. Era levada pelo vento. Seguia meio dormindo, meio acordada. Sonhava que o sol sempre esteve a pino, que as poças eram coloridas, que todo dia era belo e que toda a manhã era um seguir por dentro de seu sonho. Não, nunca acordava.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Quando tudo vai bem...

Pollock

O coração bate tranqüilo,
As palavras faltam à boca – voam
De tão expostos, os sentimentos viram sentidos
E - da chuva costumeira aos pés-d`água do verão - nada importa
Ela acaba ficando bonita.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O casal - ou - Os desconhecidos

Eles não se cruzam nas ruas
Os bailes que freqüentam são distantes
As conversas sem encaixe -

- um pergunta, o outro também, enquanto um responde o que o outro não perguntou.

Cada um tem sua música – e isso não dividem!
‘Cinema é lugar de ir sozinha’
Os livros? Nem se fale... um lê o outro finge

Mas nas fotos há eles
Lado a lado
Fui sempre casal e não sabia?

Nas impressões dias de sol
Era ele? É, era ele.
Sem tirar nem pôr

O casal se cruzava justo ali
Na solidão, nos feriados, nas férias, nos carnavais.
Aos domingos, nos dias pobres, quando não querem nada mais.

Quando não sobra tempo para nada
Mas é preciso fazer algo
Quando a companhia alheia já não basta
E é preciso não se sentir só
Quando o sol clareia o mar
E é preciso se ter amor.

É casal
Sem falas, nem complicações
É eterno
Se alimentam de paixões
É casal
Das aparentes distâncias - das vastas saudades
É eterno
Matam cada uma aos beijos, suores e olhares

Ô casal desconhecido.
Ô casal casado.
Ô casal amigo.
Ô casal namorado.
.
.
.
.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Como tudo começou

Decidi passar a limpo meus cadernos poéticos da infância. Neles escrevia de tudo: poesias, músicas, era uma espécie de diário - sem data fixa - das coisas que me interessavam.
Nas lembranças achei muitas coisas bobas, mas algumas que me fizeram rir – e muito.
Segue abaixo uma passagem (duas na verdade) de como o meu escritor favorito se tornou O favorito.
A leitura vale a pena!

Hoje vou ler igual gente grande! (escrito dia 5 de julho de 1998)
.
Meu velho irmão não para de estudar. Não que ele seja velho, mas de todos é o que nasceu primeiro. Agora ele comprou um livro que seu professor disse ser bom. Chama "Ensaio Sobre a Cegueira", peguei emprestado para ver qual é a história. Se eu gostar escrevo mais.


* É claro que muitos detalhes da leitura com certeza passaram à época. A pureza dos meus onze anos não compreendeu muito do que viria a ser meu livro de cabeceira. Mas, definitivamente, aquela leitura me instigou.


07/09/98
.
Aquele livro (Ensaio Sobre a Cegueira) tem alguma coisa muito boa sim! E tão difícil... Mas já li! Minhas partes favoritas são:
.
"A gente, disse no tom de quem sorri de si próprio, habitua-se tanto a ter olhos, que ainda julga que os pode usar quando já não lhe servem de nada"
.
"Ora, é dos livros, mas muito mais da experiência vivida, que quem madruga por gosto ou quem por necessidade teve de madrugar, tolera mal que outros, na sua presença, continuem a dormir à perna solta, e com dobrada razão no caso de que estamos falando, porque há. uma grande diferença entre um cego que esteja a dormir e um cego a quem não serviu de nada ter aberto os olhos".
.
"O ponteiro de sintonização continuava a extrair ruídos da pequena caixa, depois fixou-se, era uma canção, uma canção sem importância, mas os cegos foram-se aproximando, devagar, não se empurraram, paravam logo que sentiam uma presença a sua frente e ali se deixavam ficar, a ouvir, com os olhos muito abertos na direcção da voz que cantava, alguns choravam, como provavelmente só os cegos podem chorar, as lágrimas correndo simplesmente como de uma fonte".
.
Descobri também que pode escrever palavrão nos livros! Tem uma parte que ele escreve merda! Achei bem engraçado.


Dezembro de 1998:

Estou muito feliz, hoje começo a ler "Memorial do Convento", do mesmo escritor do livro que eu gostei muito.


Bom... o resto não preciso escrever, não é?

Aconselho, intimo e desejo que você leia não apenas os dois primeiros que fizeram parte da minha vida, mas a obra inteira desse escritor magnífico, que tocou até a alma pueril de um serzinho aos onze anos de idade...

José Saramago

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Agora estamos de bem

Fiz as passes com Deus.
Que mulher divina!
Agora Ela entra em casa todos os dias.
A porta deixei aberta, as janelas também.
Entreguei-me à Ela de mente e coração – a alma não garanto, pois esta ainda não descobri onde fica.
Por que continuaria de mal?
É Ela quem me guia pela chuva, é Ela quem – apesar de nos dar as tempestades – nunca esquece de nos prover o carnaval.
Deus é linda. É puro sexto sentido.
E como fui tola de só entender hoje.
Deus é mulher dos pés a cabeça.
Sensível, boa e vingativa.
Com Deus fiz as passes.
De Deus fiquei amiga.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

E foi assim

Quadro: Romero Brito

Primeiro a direita e a esquerda
Depois o correr
Por entre esse meio falar
Por entre esse meio viver

E foi assim
O tempo passou
Aprendeu a ouvir
O que ponderou

Primeiro a música
Depois o balé
Por fim as letras
Para dar no pé

E foi assim
Cresceu curuminha
Arte após arte
Transformou a menininha.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Pessoas Instigantes

Elas são notáveis. É gente como a gente, mas são muito mais gente.
São pessoas que te atraem, pelo olhar e pela inteligência – sem querer - aparente.

- Ah me conte, quem é você?
- Como quem sou eu, Rachel? Eu sou eu, você já conhece.
- Não. Não pode ser, você é mais que isso, muito mais!

Cresci – e assim como você – admirei alguém. Talvez fosse o mistério da casa – que eu invadia todas as tardes ensaiando teatros e pianando. Talvez fosse o mistério dos quartos. Um escuro, com guarda-roupa abarrotado de fantasias, sapatos, com baús e penduricalhos. Outro já simples. Clean e multicultural, cheio de CDs e um berimbau.

Era tudo inspirador.

A amizade surgiu primeiro com ela. Mais velha do que meus nove anos, cuidava de mim. Me levou aos passeios de ônibus. Eu era sua assistente de bicos, cheia de orgulho puro! Ah, ela era minha amiga. Isso eu repetia sempre, fazia questão – ora para meu interior ora para meus amigos, que estavam longe de conhecer alguém assim... Ela saía com a máquina fotográfica, registrava as coisas, o mundo, as pessoas. Era belíssimo ela achava tudo lindo. A luz, o ar, o parque, o pirulito. Assim eu comecei a ver tudo lindo também! Inspirei-me nessa moça, que foi de gótica, hippie, zen, espiritual à perua atual. Country não me lembro, mas é provável que também tenha experimentado ser. Inspirei-me em seus cadernos sem linhas, nos seus desenhos, no seu inglês, no seu ar importante. Inspirei-me na sua oratória instigante. Era capaz de explicar qualquer coisa, até o que não sabia! Bela, maquiada, (já relatei neste espaço o quanto admiro as pessoas maquiadas, se não lembra leia aqui!) de salto, unhas feitas, colorida, era mulher. Inspirei-me nela profundamente e talvez por isso eu tenha virado isso.
Sonhava em sonhos mil. Cantar, atuar, tocar. Mas ela não fazia nada disso, ela lia. E eu li. As inspirações foram outras, a música é outra, mas cresci buscando enchê-la de orgulho sempre e, para que ao olhar para mim e ouvir:

- Eu procurei ser você e me achei, assim: brasileira apaixonada!

Sentisse e pensasse:

- É cria minha!


O outro quarto? Ah, lá tinha um moço. Belo e de cachos! Não sai com ele para nada aos meus nove anos – e nem agora aos 21. Nunca precisou haver um diálogo se quer, eu sabia que ele era inteligentíssimo! Não o conheço profundamente, nem superficialmente, mas eu sei que um dia vou ser apta a conversar com ele. O moço me inspirou por sua intelectualidade moderna, não era chato, bitolado, nerd. Era belo, estiloso e mentalmente capaz de qualquer coisa. Claro que tudo o que digo hoje são as minhas impressões infantis, que formei aos nove anos e as mantive até hoje – coisa que não me arrependo. Sabe aquela pessoa que você vê em um metrô abarrotado de longe e pensa: ''Poxa, será um dia terei um amigo assim? Gostaria de conversar com ele". É, o moço de cachos é assim. Um dia eu sei que chego lá. Vou poder – talvez nos meus 70 anos – conversar com ele, nem que seja sobre a cor do céu em dia chuvoso.



** Inspirei-me é claro, ao brincar de novo com ela! Dessa vez de ser menina, pintar e cortar!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Enlace

Era dia. Com a luz nada escondiam, nada podiam. Eram dois, belos, famintos. Eram dois escancarados, nas olheiras, nos olhares, nos gestos e nas fugas. Saíram à rua após um sonho mal sonhado. Se remexiam, acordavam, tiravam as roupas, as colocavam. Marcados pelo desespero, um medo de que qualquer tocar fosse pôr fim nessa loucura, cansativa e prazerosa. Ah! Como seria esse fim... se é que chegariam lá - era tudo o que sonhavam. Saíram à rua famintos. Cada um por um lado, cada um por uma porta.

O primeiro olhar complacente seria, sem dúvida, para ele.
O primeiro olhar complacente seria, sem dúvida, para ela.

As cartas foram dadas. Agora o destino lhes armava – lhes mandava. Iriam se esbarrar?

Quê é isso... deixe para lá.

Não trombaram. Ao primeiro cruzar se engoliram. Ele nela, ela nele. Acharam - entre os enlaces – o outro insaciável. A busca teve fim. Entenderam que queriam só isso: ele nela, ela nele.
Foi fácil dormir.


* Escrito dia 05/08/2003, era dia.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Fim


Escrevo, escrevo e nada sai. Talvez seja falta de amor; mas com certeza e a necessidade de dor. Cheguei ao fim, ao hiato da inspiração. As palavras me fugiram correndo, desesperadas. O que iria fazer? Fiquei com dó e as deixei livres. Sonho doce esse de escrever, mas já era hora de acordar: quem escreve sente, quem não sente consente em não saber escrevinhar.