quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Silêncio de um minuto

"Luto preto é vaidade
Neste funeral de amor
O meu luto é saudade
E saudade não tem cor"
Noel Rosa
É pouca a idade, mas muitas as saudades.
Listo as minhas, em busca de cura,
Por lembrar – só por lembrar!
Mas sei que a saudade perdura...

Cheiro de baunilha,
tule, sapatilha,
teatro na sala,
rodopio,
aplausos da vó,
tio e tia.
Aurora, Marculina,
lírios e presságios.
Contos sempre contados,
outrora escutados.
Chácara, Taigra,
poemas, vaziu,
recreio,
bugigangas,
tudo o que se viu.
Bala de goma, croissant,
loiras e morenas.
Éramos seis
com eles infindos!
Éramos bons amigos.
Festas, formaturas,
brigas, injúrias.
Éramos crianças por tudo,
– acima de tudo!
De vestidos e bermudas,
crescendo com as andanças,
pulando o muro.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Dia triste

Manhã fria.
O sol se esconde.
A lágrima corre.
Diverte o conde.

É anseio, desespero, solidão.

Doutor aconselha:
- Só há um remédio!
Tempo após o tempo
E lá se vai, fica o tédio.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

De repente...

O cabelo seca sozinho.
Os pés dispensam as meias - sapatos e tênis.
O corpo vira preguiça.
A água é urgente.
O pijama encurta.
O cobertor sai de cena.
O lençol é leve - cobre com sua transparência um corpo nu, que apenas não quer se sentir só.
A salada é o prato esperado.
A fruta é o pecado - a sobremesa.
As ruas te chamam.
O carro é esquecido.
O dia é longo.
A pele fica saudável.
O ar vira paixão.
De repente estamos felizes.
Livres, desimpedidos de caminhar.
Queremos dançar, nos molhar.
De repente estamos lá.
Não é ele quem chega, somos nós que - sem percebemos - nos tornamos ele.
10 dias mesmo antes dele chegar.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Caixinha de madeira - cabe o amor do mundo!

Na caixinha de madeira
Trancada a sete chaves
Estão suas lembranças.
Apesar da pouca idade
Já guarda cartas amareladas,
Marcadas,
Pétalas amassadas,
Pingentes e anéis.
Uma bela história
Lá está guardada.

O primeiro buquê,
A primeira carta,
O primeiro adeus,
A primeira marca.

Na caixinha de madeira
Cabe o sentimento do mundo!
É tão pequena,
Mas guarda segredos profundos...
Lá está seu começo,
seu desenrolar
E seu futuro, que
Como todo 8,
Infinito e para sempre
Puro.