terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ilusões e nada mais

"Trazer uma aflição dentro do peito
É dar vida a um defeito
Que se extingue com a razão"


Aquele sorriso irrefutável, que não me largava nenhum instante. Caminhava cega por entre os prédios. Cada ônibus que pegava era uma busca para te encontrar. Olhava a todos a minha volta procurando só o seu olhar.
Foi só um dia que passei junto a ti – uma noite, para ser mais precisa –, mas plantaste uma alegria sem igual dentro do meu peito. Aliviou minhas dores, meu sofrimento. O céu ficou azul, o dia quente, o ar mais leve. Ah, tinha a certeza que foi por sua causa que tudo isso aconteceu.
Fazia planos enquanto caminhava, rumo a sua casa. Comprei flores, afinei o violão, ensaiei a sua música favorita (pelo menos ontem era essa). Imaginava o seu rosto, e como você ficaria com tamanha surpresa!
Eu, moça – criança – trocaria de papel. Faria-te uma serenata, para ver-te tirar o chapéu. Violão a tira colo, virei uma dose na cachaçaria ao lado, para perder a vergonha e achar a coragem, mal imaginava que precisaria da garrafa inteira.
Fui chegando de baixo da sua janela, quieta e sorrateira, aprontei tudo, mas foi só dar o tom... Baque. Como um dia morto ela apareceu na sua janela, e você ao lado, de cueca. Me arrependi por cada momento – não o passado junto a ti, que foram só cinco horas bem amadas, mas junto a mim, que foram quase 24 horas de ilusão.
Menina besta.
O que esperar de uma noite zonza passada em um flat ao lado do cafajeste que te arrastou as lágrimas, a fim de consolar o fim de um velho amor? Esperava um novo amor? Há!
Pensa menina, pensa.
Nessa vida amor não há. Amor conquista-se ou deixa-se estar.

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