segunda-feira, 30 de junho de 2008

Férias

Não sei se alguém realmente lê isso, mas para os que o fazem deixo aqui duas falas e um poema sublime de queridos escritores para me despedir...
Vou de encontro ao mar e só volto semana que vem!
beijos e abraços aos que ficam!

Divirtam-se:

"Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens."

João Guimarães Rosa

Resíduo
(...) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

(...) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafao insuportável mau cheiro da memória.
Carlos Drummond de Andrade

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
Clarice Lispector

domingo, 29 de junho de 2008

Fuzuê

Batuque na caixinha,
pandeiro, cavaquinho e violão!
O copo tá cheio,
o papo tá bão.

Risada demais!
Amigos demais!
Histórias demais!
Samba demais!

A noite chega
e tudo recomeça...
A lua dá a cara,
renova a festa.

Batuque na mesa,
banjo, rebolo e tamborim!
Tu segues cantando
só para mim!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Prece do meio-dia

Que o quê busco, esteja debaixo do meu nariz.
Que o meu sonho, seja sonho! – me mantenha viva
Que eu espreguice ao acordar.
Que o sol me aqueça.
Que seu abraço me aqueça.
Que a vitrola não pare de rodar.
Que os livros não tenham fim!
Que o show prossiga,
que a cortina se abra... que se tire o pó.
Que as palavras se juntem à melodia e se tornem uma!
Que a individualidade seja a nossa paixão - nos una.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Sol

Se você acordou hoje...
nossa... que sorte!
Vês o sol???
Que imenso, uma lindeza só.

Ah...
enfrentar o trânsito com os olhos enrugados,
que luz é aquela a me enfrentar?
Nem acredito... é sol
só.

Alivia meu inverno solitário.

Traz esperanças.
Me lembra que logo após a primavera,
o verão vai chegar!
E ai tudo será carnaval!

Laranja, amarelo, vermelho
Traz cores, sabores, suores,
quentura, paz, desejos,
sorrisos, paixões, apegos...
afagos... sol... só.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pedacinho

Há momentos que somos consumidos por uma inquietação única. Uma busca incessante para criar aquilo (isso mesmo!) que sempre se quis, algo sem nome, estranho a nós... Mas sentimos... E é simplesmente o que precisamos fazer agora. Passar esse sentimento a diante. É nesse tempo, nesse instante pequeno onde tudo se mistura. Nessa loucura, alguma claridade insana nos leva ao tão desejado... A arte. Não precisa ser bela ou admirável, por si só ela já é tudo isso. Não necessita de explicação e nem palavras ou complexas partituras, basta que seja arte. Basta que seja feita, que nasça do inexistente, do incompreensível! É arte. A busca incessante para criar aquilo (um pedacinho do que és) que deixará no mundo. Reflexo simples. Nada mais.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Brincadeira

É brincadeira de roda - de roda
girar, girar e rodar
até entontecer, estontear
de tanto rodar

É brincadeira de roda - de roda
girar, girar e rodar
até trocar os pés
de tanto rodar

É brincadeira de rodade roda
Girar, girar e rodar
Até cair - fazer doer a barriga
De tanto rir

É na brincadeira de roda – de roda
De tanto girar, rodar e rodopiar
Se encontram - a foto!
Só sai palhaçada! É Pura risada!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Inverno

O dia amanhece escuro
Neblina ao alto
Morto, entristecido
Gelado.

Mas ela tem:

- Café no bule
- Sopa no fogão
- Música na vitrola
- Pijama de flanela

E tudo fica bom...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Desconsolo

É coisa amarga de tragar.
É fruta verde,
chiclete velho,
sapato furado,
é inverno.

Coisa que brota
sem nem deixar nota.

Arranha, fere, esfola.
Chega, invade, destrói.

Toma conta de tudo que era seu – o eu,
em questão de segundos.
tudo transforma.

Incontrolável. Inconsolável.

É sal correndo pelas faces.
Briga de galo.

Fiasco.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Disse me disse

Disse Maria a João
era pura ladainha, fofoca,
mentira, pirraça,
tudo em vão.

Disse João a Maria
era puro dito, falado,
escrito, ponderado,
tudo em pilha.

Coisas de João
Coisas de Maria

Eu acredito em nadinha!
Não, não, não.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Exaustão

Ao som dos carros que passam, dou três voltas em um quarteirão lotado. Procuro um espaço. Felizmente (infelizmente) acho. Salto do El Foguito em busca de nada. Atravesso a longa avenida em direção ao bairro residencial. Sem prédios! Só árvores e casas. Junto os passos pouco a pouco e aumento o ritmo. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9,... 100,... a contagem é longa. A barriga começa a doer, as pernas formigam. Na frente uma decida (na volta uma subida!), viro a esquerda. Continua a contagem. Seguranças conversam pelas esquinas. Cachorros latem. Meu pé incha, dói. A respiração passa do nariz para a boca. Inicia-se uma tontura, aquela dor de cabeça cansada, não resisto; olho às horas: 5 minutos passados. Ainda me restam pelo menos 25 minutos de perseguição. Corro, corro, corro... e nada. Pura exaustão.

domingo, 15 de junho de 2008

Ah...

à sombra da pitangueira
o raio de calor
são seus braços, nossos
abraços, o amor

Ah, que leveza é essa?
você me faz parar no ar
tudo flutua, uma
beleza mútua

Pitanga, sombra
parar, ar

mordida, escondida
contida, ah...

uma nova cantiga
um novo falar
palavras dispersas,
notas, nada mais...

amor.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Desejo

Devorar-te.
Com as mãos,
dentes e unhas.
Lamber os dedos
com a ânsia infinita
de só te devorar.

* Um brinde, ao dia dos namorados, aos amados, às paixões, ao amor e à todos aqueles que descobriram que - sim - é possível viver só, mas nunca sem amar.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Meu espelho!

"Os blogs são uma forma saudável de expressão para quem não tem outro lugar para exteriorizar seus sentimentos a não ser esse vazio eletrônico. Por outro lado, essa tecnologia faz com que as pessoas se aprisionem em fortalezas construídas com suas próprias palavras, tornando-se narcisistas. A tela de computador é o espelho de Narciso, onde as pessoas vêem o reflexo da própria perdição".
Lee Siegel em entrevista para a revista Época dessa semana.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Cidade

São becos, ruas, avenidas,
tudo em uma mesma direção.
Levam à Paulista, centro,
Ipiranga, São João.

Uma maré de aço,
entre os vales do caminho,
colore a noite com suas luzes
brancas e vermelhas.

Deixe-se guiar pelas luzes que o cegam,
pelos sons que te carregam.

O que parece insano
é feito de pura lógica.
Sentido.

Deixe-se mostrar por entre essa gente,
toda poesia e música que contém.

O que parece natural
na verdade
é a mais louca - criativa - existência.

É vida.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Se puder sem medo

Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava

Oswaldo Montenegro - ouça!

domingo, 8 de junho de 2008

08/06

Dia oito, mês seis

Em 2008
Celebra-se o ocorrido seis anos...

História simples:
Os olhos dele cruzaram os dela,
Os batimentos sobressaíram o som
da festa de São João.

As palavras acabaram,
o beijo se tornou inevitável!
Só se ouviam os fogos
nada mais.

Simples assim...
as vidas - dele e dela - se uniram.

Hoje não se sabe de quem é o caminho,
é dela ou é dele?
Não importa!

Após seis anos...
ele e ela viraram um,

simples assim.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Vamos falar de música

Como me disse um dia Carlos Calado:
"Quem acha que a MPB morreu, está surdo ou não sabe nada sobre a cena atual da música popular brasileira".

O moço tem 22 anos e suas canções já se fundiram no meu radinho.
O CD inteiro prende.
Desde as mais dançantes, como Vou Mandar Pastar que (apesar do tema forte – a dualidade que existe em nós) nos faz dançar, após o banho de uma sexta-feira que promete; até o delicioso jazz de Nesta Hora Ingrata e a calmaria de Represa, cantigas ideais para começar o dia de forma leve e deliciosa.

Ao ouvir o disco pela milésima vez, nota-se a impressionante e suave fusão que há entre letra e melodia, coisa rara – divina – que vale a pena conhecer.

Meus xodós ficam por conta da simplicidade e leveza de Trivial - "Mas quando olhei já era mais que bruma, eu estava trêmulo era trivial" - e pelas palavras de outrora encaixadas no samba Papagaio – "Tá achando que eu perdi a bossa pelos caprichos de vossa mercê? tem barulho de trem na cachola ou o quê?".

O CD?
Tranchã
O moço?
Vinicius Calderoni
O show?
Ainda não consegui ir, mas dia 9 estarei prestigiando-o no Tom Jazz.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Ah… mês seis

O inverno abre as portas, esfria o corpo e obriga a alma a se esquentar.
Entra o mês do amor e das festas deliciosas!
É tempo de vestir xadrez, pintar a cara, beber quentão, dançar quadrilha e de Maria, mais uma vez, se apaixonar por João.
É tempo de frio, amor e calmaria.
O dia nasce escuro - ô preguiça de levantar
Tudo começa mais tarde - o espreguiçar dura mais que uma vida
Tudo pára no tempo... Nada acontecerá?
Eis que nessa quietura enganosa, de um gelo que o sol, humildemente, arrisca com sua face quebrar, tudo acontece.
As pessoas passam a ter uma beleza misteriosa, escondidas em seus casacos, se tornam conservadoras e tudo parece ficar tímido. É nesse cenário, de frieza e acanhamento, que dedicamos nosso tempo a observar – os outros e a nós.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Eis que te acho

Após tanta existência (três pedidos - avisos ou conselhos) deixarei jogadas aqui minhas palavras.

Pode ser que venham a ser jornalísticas ou, muitas vezes, meros desabafos - coisas que sobram em mim, sem pé nem cabeça. É muito provável também que eu publique o que já foi publicado, mas vale a pena ler, porque neste caso: o que já foi dito se tornou indispensável.

Leia, divirta-se, ria, chore, critique!