sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Areia demais

O que será que as pessoas têm em mente?
Estão sempre a dizer:
“É areia demais...”
Como? Quem mediu?
Será que te engano?
Será que me engano?
Fosse tudo assim, simples.
Não é.
Há algo de muito mais nisso tudo.
Falta estima talvez...
Falta coragem?
Que valor é esse?
Eu não sei.
A cada frase uma dúvida,
Me larga assim:
Beirando a morte e com medo
De tudo acabar
Sem ter um fim.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Faltou

Quarta incessante.
Muito trabalho e pouca diversão,
Mas eis que surge um semblante!
Um quadro, algo de arte, uma paixão.

Mensagens interpelam
Algo de íntimo,
Um convite a mais,
Ato que já supõe-se ínfimo.

Amizade longínqua...
Tanto em comum,
Pouco que vinga.

Muito é falado,
Muito é combinado,
Mas nessa euforia
Sempre faltou algo...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Sua

E fui ficando assim
sua menina
mas, tão aflita!

Cai de uma vez
nessa mentira
mas, tão bonita...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

leva...

Diga que és só meu
Que sereis só tua
Coisinha miúda
Coisinha...

É um vento delicado
Que sopra de outros mares
Leva toda angústia
que sofre estes lares

Leva o que é dor
Leva o que é meu
Leva todo ardor
Leva tudo o que era seu

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Dor de amor

Não há adjetivos para narrar essa dor...
Só metáforas e palavras falsas,
jogadas ao léu.

Não há sentido em me deixar sofrer assim
Pedir um tempo, uma semana!
É fazer sofrer, amor.

É dor demais, eu não agüento
Daria o mundo para não sofrer,
para simplesmente ter você.

Por que brincar assim?
Fazer picadinho de mim?

Cuidado! Se demorar a escolher,
posso morrer.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ilusões e nada mais

"Trazer uma aflição dentro do peito
É dar vida a um defeito
Que se extingue com a razão"


Aquele sorriso irrefutável, que não me largava nenhum instante. Caminhava cega por entre os prédios. Cada ônibus que pegava era uma busca para te encontrar. Olhava a todos a minha volta procurando só o seu olhar.
Foi só um dia que passei junto a ti – uma noite, para ser mais precisa –, mas plantaste uma alegria sem igual dentro do meu peito. Aliviou minhas dores, meu sofrimento. O céu ficou azul, o dia quente, o ar mais leve. Ah, tinha a certeza que foi por sua causa que tudo isso aconteceu.
Fazia planos enquanto caminhava, rumo a sua casa. Comprei flores, afinei o violão, ensaiei a sua música favorita (pelo menos ontem era essa). Imaginava o seu rosto, e como você ficaria com tamanha surpresa!
Eu, moça – criança – trocaria de papel. Faria-te uma serenata, para ver-te tirar o chapéu. Violão a tira colo, virei uma dose na cachaçaria ao lado, para perder a vergonha e achar a coragem, mal imaginava que precisaria da garrafa inteira.
Fui chegando de baixo da sua janela, quieta e sorrateira, aprontei tudo, mas foi só dar o tom... Baque. Como um dia morto ela apareceu na sua janela, e você ao lado, de cueca. Me arrependi por cada momento – não o passado junto a ti, que foram só cinco horas bem amadas, mas junto a mim, que foram quase 24 horas de ilusão.
Menina besta.
O que esperar de uma noite zonza passada em um flat ao lado do cafajeste que te arrastou as lágrimas, a fim de consolar o fim de um velho amor? Esperava um novo amor? Há!
Pensa menina, pensa.
Nessa vida amor não há. Amor conquista-se ou deixa-se estar.

domingo, 19 de outubro de 2008

Verão II

Fez do domingo chuvoso um dia mais curto. O tempo voou e nós nem percebemos o velho tédio domingueiro. Foi bom, muito bom...

O horário de verão chegou assim: acelerando as horas monótonas e trazendo:
a garoa - para o descanso,
o frio - para deitar-me aos seus braços sem grudar,
a esperança - de um verão que estar por vir,
a névoa - para os poucos raios solares disseminar.

Ah... Venha verão, mas venha com tudo!

Moletom na gaveta, calça cortada, chinelo no pé, galocha na mão, biquíni amarrado, canga no portão, cerveja gelada, limão adocicado e peixe no fogão.

Venha verão!
Deixa-me suada, dourada, molhada, ah...
Venha verão!

sábado, 18 de outubro de 2008

Está tudo bem.
Não me falta companhia, muito menos paixão.
Falta o silêncio, a solidão.
Sábado à noite, garoa que não pára.
Busco ficar só com minha alma.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Verão

A semana para alguns pode ter sido ruim, mas, para esta que vos fala, foi de muita alegria.
Para fechar esse tempo e começar um novo relógio, deixo a frase linda que recebi hoje por e-mail da minha chefita:

“Onde tudo parece caminhar pra trás por conta de uma crise mundial, adiantar os relógios parece ser a única forma de estar a frente!Feliz horário de verão!!!!”
Mônica

Cupido

Fui te encontrar
bem lá,
na avenida a bailar.

Ó, cupido arrebatador!
Jogou
e de cara sua flecha me flechou.

Coração mole, velho e batido!
Flechado seguiu
bailando aturdido.

Cupido, cupidinho minha prece acuda
arranhou meu coração,
agora cuida!

Até quarta-feira dura.
Tamanha bebedeira, atura!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Poça

Ó! Segue toda
saltitante,
pela chuva,
pula poça,
pela rua,
pula a fossa.

Tempo feio,
dia alegre.
Salta tudo o que
desanima
e segue
toda toda
a pobre menina.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Femme Fatale

Quero deixar registrada minha admiração às mulheres.
Não àquelas que – como eu – só usam rasteiras e havaianas, saem despenteadas, têm por uniforme as saias adquiridas na feirinha do último verão e a regata branca de sempre, que às vezes (por total descuido!) é colocada do avesso.
Mas, admiração àquelas mulheres fatais, que acordam maquiadas, não dispensam o salto alto, sempre arrumadas, penteadas e agem como se toda aquela produção fosse natural.

Como? E o pé? As bolhas? O suor de andar o dia todo em baixo do sol? O cansaço? A roupa que vai amarrotando a cada levanta e senta diário?

Para algumas mulheres nada disso existe.

Fico admirada e perplexa. Em uma mistura de admiração e tolice, decido eu - besta e humildemente - me arrumar um pouquinho. Visto-me bela e coloco um mísero saltinho. Ha. Resultado: desconforto total acompanhado de nove novas bolhas. Delícia não?
Honestamente não sei como as mulheres pernas-de-pau agüentam. Apesar de toda minha admiração, decidi por continuar acordando de cara lavada e sendo feliz. Vestindo meus chinelos, saias, vestidos e regatas. Afinal, todos dizem que devemos visualizar da forma mais clara possível o nosso futuro, e o meu está escrito nas estrelas!
Um dia vou morar lá... de frente pro mar, onde a beleza não passa de um biquíni, uma canga e muita, mas muita água de coco.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Mal educada

Corre, salta.
- Olha a poça!
Ressalta.
Menina que anda
a mil sem porquê,
a cada "bom dia!"
cruza a rua
sem saber.
Para não ter
de sorrir
nem se quer
responder.

Vai menina, vai.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Voz

A mim basta
ouvir sua voz,
ficam as saudades,
mas se vão os agros.

Doce, leve, perfumada!
Voz que me segue
toda aveludada
- encorpada.

Es tu a cantora
E eu tua aprendiz
eterna e desperta
de um sonho feliz.

* Dedico este poema a querida Lucila, dona da seguinte voz e minha querida:

http://www.4shared.com/file/65907086/5ecfe219/What_kind_of_Fool_Lucila_LopesNorton_Mello.html

sábado, 4 de outubro de 2008

Recado

Escrevi um recado
que coloquei na janela.
Sem garrafa nem bota,
apenas sobre ela.

Esperei a chuva,
para que o molhasse,
e o vento,
para que o carregasse.

O mais longe possível,
por entre prédios, avenidas,
carros, becos, entre
as ruas sem saída.

Mas chuva não veio.
Vento não levou.
Foi você – meu anjo ardente –
quem o pegou.

Ah... riso que me invade.
Justo ele? Que divino saber...
Quem nada lê, relê
meu único recado – para saber...