quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Enlace

Era dia. Com a luz nada escondiam, nada podiam. Eram dois, belos, famintos. Eram dois escancarados, nas olheiras, nos olhares, nos gestos e nas fugas. Saíram à rua após um sonho mal sonhado. Se remexiam, acordavam, tiravam as roupas, as colocavam. Marcados pelo desespero, um medo de que qualquer tocar fosse pôr fim nessa loucura, cansativa e prazerosa. Ah! Como seria esse fim... se é que chegariam lá - era tudo o que sonhavam. Saíram à rua famintos. Cada um por um lado, cada um por uma porta.

O primeiro olhar complacente seria, sem dúvida, para ele.
O primeiro olhar complacente seria, sem dúvida, para ela.

As cartas foram dadas. Agora o destino lhes armava – lhes mandava. Iriam se esbarrar?

Quê é isso... deixe para lá.

Não trombaram. Ao primeiro cruzar se engoliram. Ele nela, ela nele. Acharam - entre os enlaces – o outro insaciável. A busca teve fim. Entenderam que queriam só isso: ele nela, ela nele.
Foi fácil dormir.


* Escrito dia 05/08/2003, era dia.

Um comentário:

Carou disse...

Que sensual esse texto, Rachelzita!
Adorei! :)

Beeijos!