Era no tempo da delicadeza. Flutuava pelas horas, como se nada houvesse, nada prendesse. Era tempo de quintal. Jogava água e bola. Fingia ser de tudo. Era amiga do rei! Talvez fosse a mulher, mas de inocente não sabia. Gostava de sorvete. Dessa infância mágica carregava tudo o que via, não queria perder nada, porque mesmo nada era só alegria. Desde tempos aprendeu a sentir. Sentia raiva da fome. Preguiça do sono - do banho. Sentia amor pelos irmãos - que eram os mesmos que odiava tantas vezes... sem saber, aprendeu assim o equilíbrio do amor. Sentia dor por chutar o pé no chão. Sentia dor quando gargalhava de alegria, descobriu assim que tudo doía, bem lá! E assim cresceu. Carregando tudo o que aparecia, e sentindo tudo lá dentro, como se tudo que sentisse fosse sempre urgente, sempre útil e necessário. Encheu uma caixa, só de sonhos e sentimentos. Sentiu tanto, que na era da dureza, não consegue não sentir... e sente saudades, que muitas vezes misturam arrependimentos... e sente também aquelas vontades duras de chorar tudo, esquecer tudo e nunca se virar para trás... ah, se fosse fácil. Descobriu que não dá. Agora espera por uma nova época, futura que o vento vem trazendo, onde vai entender o que aprendeu por tanto moer-se.
terça-feira, 17 de março de 2009
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3 comentários:
E assim, aprende-se que a vida é assim mesmo...ora boa, ora nem tanto...porém, aprende-se que a vida é especialmente convidativa justamente por ela ser como ela é ou seja, imprevisível e repleta de surpresas!
O que fazemos então??!
Seguimos em frente com o coração e a mente, com a fé e a coragem de simplesmente irmos adiante porque o sol se põe e logo em seguida, a lua aparece...linda,encantadora e poética. E ao adormecer aos que a enaltecem, ela deixa no coração o sonho... que nos mantem vivos!
Beijos querida! Amei seu texto!
Lucila Lopes
Um quê de Chico no seu texto. Deu até uma nostalgia dos tempos passados. Sou mesmo um relicário!
é tanto sentir que transborda, e essa é sempre uma ótima opção.
Li há pouco um texto sobre a indiferença, e nada me assusta mais do que esta. Em compensação, ao perseguir a intensidade, estamos mais sujeitos ao céu e ao precípicio, cabe a nós assumir o risco - e a julgar pela sua descrição, parece-me que fez a escolha mais coerente com o que sente e quer.
Que bom!
beijos!
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